sexta-feira, 16 de março de 2007

O outro lado do etanol

Trabalhadores continuam sendo explorados

Em tempos de aquecimento global as nações estão cada vez mais preocupadas com o futuro do planeta. À busca de um combustível menos poluidor e a escassez do petróleo faz o mundo olhar de modo mais detalhado para o sul da América do Sul. Corrigindo algumas assimetrias, a União Européia quer reduzir a emissão de carbono em 20%, num prazo de oito anos (2015). Até o mais inflexível dos governantes, quanto ao aquecimento da terra, o presidente George W. Bush, quer reduzir o consumo de gasolina nos Estados Unidos.
Embora no Brasil a euforia seja generalizada, uma vez que o país é o maior produtor de etanol do mundo, alguns fatores andam preocupando cientistas e pesquisadores sociais.
Em entrevista à rádio CBN a socióloga da Faculdade de Economia da USP, de Ribeirão Preto, Vera Lúcia Navarro, disse está pessimista quanto a melhoria real que o etanol poderá proporcionar os trabalhadores rurais. “É possível que, em pouco tempo, poderemos ter uma disputa grande por terras no país. Certamente os pequenos agricultores serão prejudicados.” Disse a pesquisadora.
A preocupação tem fundamento: a Pastoral do Migrante registrou mais de uma dezena de mortes por trabalho excessivo - cada homem jovem chega a cortar 20 toneladas de cana. Em alguns casos, o arrecado no fim do mês não chega a um salário minimo. Com o movimento sindical fragilizado, apenas o Ministério Público fiscaliza a atuação dos empresários sucro-alcooleiros. “Como fazer o país crescer sem uma distribuição de renda compatível?” Questiona a socióloga. E completa “Não adianta dizer que o etanol será uma maravilha, a panacéia universal se não investir em educação.” Afirma de forma categórica, a pesquisadora.

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