segunda-feira, 30 de abril de 2007

Organização Mundial do Trabalho pode cancelar ajuda ao Brasil

A visibilidade que o Brasil conseguiu no combate ao trabalho escravo pode levar ao cancelamento do acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OIT). É o que diz o último relatório divulgado pela entidade. A instituição alega não ter recursos para dar continuidade ao projeto de erradicação da mão-de-obra escrava no país, ou seja, R$1,7 milhão. Segundo a OIT existem outros países em situação pior. O acordo foi firmado em 2002, e termina em dezembro deste ano.
Os mais apreensivos são os organismos de direitos humanos. Eles temem que o trabalho realizado desde a implantação do programa seja prejudicado.
No inicio do ano, o então ministro do trabalho, Luiz Marinho; do desenvolvimento agrário, Guilherme Cassel; e o secretário de direitos, Paulo de Tarso Vannuchi enviaram uma carta ao Itamaraty pedindo que o chanceler, Celso Amorim interviesse junto à OIT.
A coordenadora do projeto contra o trabalho escravo, Patrícia Audi, esperava que a ajuda fosse aumentada, através dos países ricos, que contribuem com o fundo da OIT - parece que deu tudo ao contrário - diz. E, vai além - esperávamos continuar recebendo e, quem sabe, ampliar o programa, mas agora há ameaça de uma desconstrução de todo o projeto - lamenta Patrícia, que não vê uma articulação para reverter o processo.
A preocupação de Patrícia faz sentido, principalmente, se a questão for o que fazer com os trabalhadores resgatados dessa situação. Segundo ela, a sociedade não se atentou para o problema da mão-de-obra escrava.
Opinião semelhante tem o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Sebastião Caixeta, sobre a erradicação desse tipo de trabalho - esse tipo de atividade só terá fim no Brasil quando a sociedade compreender da forma aviltante como esses trabalhadores são tratados. Para Caixeta apenas uma união entre todos os poderes constituídos pode combater com eficácia o problema da mão-de-obra escrava - já está em curso uma força tarefa com, ONGs, órgão do governo (Polícia Federal) e justiça federal. Hoje temos 400 ações e quase todas já estão definidas - diz Caixeta.
A possível falta de apoio da OIT, para projetos de erradicação do trabalho escravo, também deixa apreensivo representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Sul do Pará, uma das áreas mais tensas da região. Para o representante da CPT, frei Henry des Roziers, a ajuda da OIT é de suma importância - para que todos saibam o que acontece nos mais remotos cantos do país, e que, a mão-de-obra escrava, infelizmente, ainda é praticada no Brasil.

Reportagem da TV bandeirantes sobre trabalho escravo

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